quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Meu Anjo Azul, Lucas!

O nascimento de Lucas foi planejado, tive uma gravidez muito tranquila, parto normal e ele chegou, muito lindo, aparentemente normal, e foi crescendo, apesar do meu instinto de mãe notar uma pequena diferença de outras crianças da mesma idade, (pq já ajudei cuidar de muitos bebês) pois era um bebê quieto, mas observador e curioso, porém, se eu brincasse com ele, ensinando-o alguma coisa, ele dava um sorriso tímido e não tentava me imitar. Dormia muito pouco. Com seis meses, ficava olhando e contando os dedinhos, gostava de deitar no chão. Quando eu comentava com minha família, minha mãe falava que eu era assim, minha sogra dizia que o pai dele era assim... até que por volta dos dez meses, ele começou a ficar agitado, ficava nervoso, mordia ele mesmo, com um ano e meio eu quase não aguentava segurá-lo quando ele começava a me “atacar”, agarrado em mim, puxando meu cabelo. Quando ele queria algo que ele não conseguia alcançar ou não o deixávamos  pegar, ele se mordia, ficava com as mãos ou os bracinhos roxos. Falava pouco, apenas “papai”, “água”, andou com 1 ano e 3 meses e quando queria alguma coisa, pegava a minha mão ou de quem estivesse com ele e mostrava; qualquer coisa que ele quisesse, podia estar ao lado ou ao alcance dele, ele fazia isso. Os médicos, pediatras falavam que era normal, que cada criança tinha uma personalidade diferente, com o tempo mudaria.
Bem, depois que ele nasceu eu ainda não tinha trabalhado fora, o escritório onde eu trabalhava há 8 anos havia se mudado para outra cidade, então resolvi me dedicar ao meu filho um tempo, mas quando ele tinha mais ou menos 9 meses, prestei um serviço num Supermercado 1 mês e 10 dias, exatamente nesse período percebi que ele começou a ficar agitado, chegou a emagrecer, tanto que o Supermercado queria me contratar definitivamente e eu não aceitei. Quando ele tinha 1 ano e 3 meses, eu comecei a trabalhar novamente, por incentivo do meu esposo, inclusive o Lucas já estava um pouco agitado, tive dificuldades para encontrar uma babá, num mês foram 4 que tentaram e não conseguiram ficar na minha casa. Então, resolvi deixá-lo numa creche, levava-o de manhã enquanto meu esposo dormia um pouco (já que trabalhava a noite) e no meu horário de almoço o buscava e ele ficava com o pai a tarde. No início ele chorava mas depois foi se acostumando. Como ele ainda não dormia bem, a minha rotina ficou muito estressante, com 10 meses eu tive que sair do trabalho, pois já não aguentava mais, com um grau extremo de Labirintite. Fiquei mais uns 2 meses em casa me recuperando, até surgir um novo emprego, na verdade era só para cobrir uma Licença Maternidade da minha cunhada em uma empresa, mas me contrataram definitivamente e então começou a minha lida novamente, deixando-o na Creche. Ele ficava bem, quando eu perguntava as monitoras como ele estava se comportando, elas diziam que ele não dava trabalho nenhum, ficava num canto, talvez elas nem percebiam que já era uma falta de interação com as outras crianças. As vezes ele chorava quando eu o deixava, mas quando eu ia buscá-lo, não queria vir comigo.
Certo dia, um médico, Dr.Leandro Godoy, através de um Projeto da Prefeitura, visitou o Posto de Saúde, pediu que levassem 3 crianças com problemas, como minha mãe é enfermeira, me chamou. Então ele o observou enquanto respondíamos um questionário com a médica que atendia no Posto junto com mais duas enfermeiras, e o Lucas fez tudo e mais um pouco, não ficou quieto, tentou morder uma enfermeira, e eu e meu esposo tentando de todas as formas controlá-lo. O Dr.Leandro só observando logo percebeu que tinha algo errado, o encaminhou para exames. Eu cheguei a questioná-lo que o Lucas era assim pelo fato de eu ser muito nervosa. Ele me disse: “você está muito é calma, seu filho tem um problema muito sério, se você tiver outro filho ele pode até matá-lo”. Isso me deixou muito assustada. Aí começou a minha correria para a cidade de Montes Claros, quase 300 km de onde moro para fazer os exames, consultas, etc. Sozinha, pois meu esposo trabalhava não podia me acompanhar. Foram quatro cansativas viagens, para a realização dos exames e consultas. Lucas tomava um sedativo para a realização dos exames, a enfermeira falava que ele ia dormir até a noite talvez, que eu não preocupasse. Quando terminava o exame, ele acordava e não dormia mais, já chegou a acordar durante o exame, e ele ficava tonto, não ficava quieto, não queria colo, era forte, pesado e eu tinha que segurá-lo, com bolsas, era muito difícil. Eu ficava na casa de amigos, eles me ajudavam muito, me acompanhavam ao Hospital, à Rodoviária, pois eu não conhecia nada. Com os resultados em mãos, voltei novamente para a neuropediatra que me disse que a Tomografia estava normal, mas o Eletro tinha dado um probleminha, que ele tinha “Disritmia Cerebral”. Perguntei a ela: o que é?  Ela só me disse que poderia ter sido causado por um susto, uma queda. Receitou o Tegretol e pediu para repetir o Eletro Encefalograma com 6 meses e o encaminhou para um Psicólogo. Voltei cheia de dúvidas, realmente eu havia tido uma queda de bicicleta quando estava grávida de 4 meses, e o Lucas teve algumas quedas também, sustos?... quem não leva de vez em quando né? mas, comecei a pesquisar o problema e me assustava cada vez que eu lia sobre o assunto, pois não tinha nada a ver com o comportamento do meu filho. Pelo menos, a partir daí, com o medicamento ele conseguiu dormir, já com quase 2 anos. Ele não sentia convulsões como o problema diagnosticado pela neuro falava, mas um dia, ele ainda não havia começado a tomar o medicamento, pois tive que mandar comprar em outra cidade, ele passou mal, me disse “doendo” pegando na barriga e ficou pálido, saí correndo para o Posto de Saúde, chegando lá ele já estava bem. Nesse dia o remédio chegou e ele já começou a tomar e não sentiu mais nada. Passados os seis meses, repeti o Eletro e para a minha surpresa, estava tudo normal. Dessa vez não fui a Montes Claros, fui a Janaúba, mais perto, me indicaram um neuro lá. Antes que eu fosse, procurei um médico onde eu moro para me fornecer uma receita para eu comprar o remédio dele, então o médico me atendeu disse que não ia me dar a receita, que estávamos dopando o Lucas, que deixasse  viver. Minha tia que trabalhava no Posto interviu e disse que ele realmente precisava do remédio. O médico disse que queria vê-lo. Nesse intervalo, eu já havia feito o novo eletro, mas ainda não tinha ido ao neuro e tinha visto uma reportagem sobre o autismo, onde nos identificamos muito com as características do Lucas, inclusive quem assistiu também me parava na rua perguntando se eu havia assistido, pois era igual ao Lucas. Foi muito interessante, então comecei a pesquisar o que era autismo e realmente me surpreendi. Quando o levei ao médico, ele ficou parado e encantado com ele, e disse: ele não tem nada de Disritmia Cerebral, ele tem autismo. E conversou bastante comigo e meu esposo, falei sobre o Psicólogo que a neuropediatra havia recomendado, ele disse que criança não precisa de Psicólogo e disse que eu poderia levar no neuro que ele iria confirmar. Chegando no neuro, ele disse exatamente o mesmo, mas pediu uma Ressonância Magnética só para tirar uma dúvida. Voltei a Montes Claros, só fazia lá, muito caro, tentei pelo SUS, não consegui, mas Deus preparou com a ajuda da família, um Plano de Saúde e um amigo que nos levou eu consegui fazer. O neuro disse, “realmente ele não tem nada de errado, o cérebro dele chega a ser lindo de tão perfeito”. Ele achou que encontraria qualquer coisa que estivesse atrapalhando ele falar, por exemplo, e confirmou realmente o autismo já que o problema estava no comportamento. Encaminhou para a Fonoaudióloga, disse que dali para a frente não seria mais com ele. Então ele começou a ser atendido pela Fonoaudióloga, onde eu moro tinha pela Prefeitura, mas logo que começou, já num final de ano, ela foi embora (final de contrato, todo final de ano é assim), mas no ano seguinte começou novamente, e o Lucas teve uma melhora muito significante na fala, aprendeu muita coisa, fala certinho e encanta a todos. Ele não gosta muito de ser abraçado, mas sempre muito carinhoso, muito fofo. Ao reencontrar o médico Dr.Leandro Godoy, questionei sobre o Psicólogo ele também não recomendou e realmente, umas duas ou três seções que fiz, ela me disse a mesma coisa, que eu estava me sentido muito culpada pelo problema dele e que quem estava precisando era eu.  O Dr. Leandro Godoy estava acompanhado de uma Psicóloga que conversou bastante com nós, e percebeu que estávamos vivendo em função do Lucas, que precisávamos deixá-lo mais independente e, ao contrário do que o Dr. Leandro havia falado, tínhamos que ter outro filho. Ele já estava com pouco mais de 3 anos, pensamos muito e decidimos então dar uma irmãzinha para Lucas; quando ele completou 4 anos, eu estava grávida de dois meses. Fizemos uma viagem a Montes Claros para conhecer a ANDA, uma Associação de Apoio ao Autista que estava começando lá, participamos de uma reunião, gostamos muito e o Lucas teve uma consulta com uma neuropediatra que ainda o achou muito agitado e passou outro medicamento, o Risperidon devido a sua oscilação de humor. Porém, não conseguimos mais voltar para continuar o acompanhamento, por ser muito longe, conhecemos outro neuro de Montes Claros que atendia na cidade de Janaúba, mais perto e passamos a levá-lo, o que o acompanha até hoje.  De seis em seis meses fazemos uma bateria de exames e o levamos para saber se os remédios não estão causando algum problema.
Desde 1 ano e meio freqüentando a Creche, o CMEI Adriana Kelly, Lucas estudou o 1º e o 2º período lá, tentei uma professora auxiliar só para ele, mas não consegui porque o município não disponibilizava, mas as professoras dele conseguiram mantê-lo na sala se aula, com muita paciência e carinho, graças a Deus ele sempre foi muito querido. É claro que seu desenvolvimento era lento, aprendeu pouca coisa, mas mesmo trabalhando eu fazia o que podia para ajudá-lo. Quando ele estava no final do 2º período, eu participava das reuniões bimestrais, a professora apresentava os trabalhos dos alunos, suas notas (conceitos) e eu ficava só observando a desenvoltura dos outros alunos, no final da reunião a professora me chamava e falava: “nem fiz o gráfico de Lucas porque ele não conseguiu desenvolver muita coisa”; eu ficava triste mas sabia que não ela não poderia se dedicar só a ele para melhorar mais, pois tinha as outras crianças e para mim já estava muito bom aceitá-lo. Quando chegou mais ou menos no 3º bimestre, eu saí do emprego e me dediquei mais, ajudando-o, quando chegou o dia da formatura, ele participou das apresentações com a turma e para minha surpresa, a professora fez uma linda homenagem a ele, dizendo que ele tinha sido um campeão e dedicou uma música “Conquistando o impossível” que fez todos chorar e eu entendi com muito orgulho, que me dedicar mais o ajudaria melhorar a cada dia. Desde então não trabalhei mais fora e percebi realmente o quanto ele melhorou. Ele passou a estudar numa escola pública, foi muito bem acolhido, mas mesmo com uma professora de apoio, ele ainda dava trabalho, e como era a primeira vez que a escola recebia um aluno especial (autista) tiveram um pouco de dificuldade, as vezes mandava ele para casa quando ele dava uma birra ou ficava muito agitado. Dois meses depois tivemos que nos mudar, ele passou a estudar em outra escola que ficava a 7 km, foi muito bem recebido, conseguimos que ele continuasse com a mesma professora de apoio, e ainda podemos contar com o apoio da professora da turma que já trabalhava com alunos especiais na Apae e o ajudou muito. Ele ia de ônibus e como “ama” automóveis, era a maior diversão para ele. Me preocupava muito, não tinha monitora no veículo, mas graças à Deus, nunca houve nenhum problema, ele estudou até setembro/2013 quando tivemos que nos mudar novamente para a cidade de Jaíba e como já estávamos no final do ano, optamos por matriculá-lo na APAE, onde ele também foi muito bem recebido, tem acompanhamentos médicos e já estamos percebendo uma melhora significante no seu desenvolvimento. Ele conhece todas as letras, números, figuras etc... tem uma boa interação com as pessoas e apesar de amar um som,  não gosta muito de barulho (tapa os ouvidos), e fica muito agitado em lugares movimentados.
A irmãzinha Ana Laura, agora com 4 anos e desde que nasceu sofre muito com os puxões de cabelo, tapas, mas ela o enfrenta, e ele já aprendeu muito com ela, inclusive usar o banheiro, brincar, muitas coisas que ele não conseguia fazer, ele aprendeu com ela. Tem o maior cuidado com ele, mas como todas as crianças, brigam muito e qualquer coisa que acontece que o deixa nervoso, ele bate nela.
Hoje ele já tem uma interação muito boa com outras crianças, brinca, claro que é diferente, mais limitado, e ao mesmo tempo que ele está ali no meio de todos, de repente ele sai e fica sozinho, mas já percebemos uma melhora muito grande.
Outra mudança incrível é quando chamamos e ele atende. Antes podíamos chamá-lo até cansar, ele não olhava. A coordenação motora já melhorou muito, ele não conseguia comer sozinho, hoje ele come, toma banho, escova (dava muito trabalho) se veste, tira a roupa, sapatos. Meu filho está ficando independente e isso é maravilhoso. Ainda tem algumas características comuns do autismo, como chorar muito por qualquer coisa, não gosta de ser tocado como para limpar os olhos, o nariz, pentear o cabelo, para cortar ele já melhorou bastante. As atividades escolares estão cada dia mais avançadas, ele já faz muita coisa, inclusive desenhos, pinturas, já escreve qualquer letra que mandar, seu nome, o nome da professora, da escola.
Quanto às dificuldades enfrentadas, tanto familiar, escolar e social, é claro que tivemos, mas nada fora do normal. É diferente e todos querem saber como, porque, mas graças a Deus, tive muito apoio e desde o inicio procurei saber sobre o problema, inclusive quando o neuro me confirmou que realmente ele tinha autismo, ele disse com tanto cuidado, mas eu já havia pesquisado e estava preparada para o diagnóstico, porque aceitar o problema é muito importante para ajudá-lo. Como na nossa região é difícil o acesso a profissionais especializados, eu segui a recomendação dos que conheci, inclusive pela internet, como o Terapeuta Ocupacional, Dr. Leonardo Valente, que nós é que temos que ser os médicos dele. Então eu pesquiso, compro livros, busco informações, assisto programas que falam do assunto e sempre tivemos um privilégio muito grande, eu posso dizer, todos gostam muito de Lucas, ele é muito querido na família, amigos, escola, colegas, professores, médicos, e apesar do problema ele corresponde, do jeito dele, é claro, as vezes ele abraça, beija, mas tem dia que ele nem cumprimenta, e todos entendem. É claro que é inevitável algum “preconceito”, já recebi reclamações de pais de coleguinhas dele, mas nunca tive nenhum problema sério, nunca perdi a amizade de alguém por isso.
Onde moro não tem muita opção de lazer onde posso levá-lo num parque para brincar, mas é um sonho que ainda quero realizar, assim como sonho um dia ele ter um tratamento que merece para melhorar mais e continuarmos nos orgulhando dele. Nunca me esqueci do que me falaram desde o início: “Deus escolhe mães especiais para cuidar de crianças especiais”. Realmente, posso não ser tão preparada, tenho minhas fraquezas, meus defeitos... mas eu faço o que posso e posso tudo Naquele que me fortalece, que me guia, me ilumina e me dá forças, porque só quem passa por essas situações, é quem sabe que não é fácil, mas quando vemos situações piores, achamos coragem para seguir e batalhar por aquilo que queremos.
Eu queria muito ajudar mais o meu filho, admiro demais aquelas mães ou famílias que largam tudo em busca de uma melhora, mas cada qual é diferente, têm suas coragens, suas personalidades, seus desafios... e Deus é quem toma todos os caminhos e sabe o que é melhor para cada um.
Só posso dizer que já aprendi muito com o meu filho, com as dificuldades que já enfrentamos, e que ter um filho especial é muito mais do que ser especial. E quem pode, tem condições, ajude de todas as formas, porque um Ser Especial nos surpreende e nos orgulha a cada dia e nos faz sentir Especial também!

Solange Sidnéia Rodrigues da Silva
Mãe de Lucas Mendes Rodrigues
sollbelllu@gmail.com

















Sobre o Autismo


Cliquem no link, conheçam um pouco mais a respeito!
http://www.ensinar-aprender.com.br/2010/05/autismo-mais-definicoes.html

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Primeira parceria!

Olá pessoal! 
Com muita alegria e satisfação, apresento a vocês a Primeira Parceria do meu blog. O "Armazém do E.V.A", é uma loja super bacana, com belíssimos materiais para artesanatos e principalmente, ótimos preços. Vale a pena conhecer, cliquem no link a seguir e confiram!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Minhas artes!

Pessoal! 
Fiz as lembrancinhas para o Dia dos Pais das crianças do "CMEI Valcir do Rosário" , anexo onde minha filhota estuda, eu amei e eles gostaram demais, fiquei super feliz! 





domingo, 3 de agosto de 2014